Operação de emergência de Iberê gera especulações no quadro político do Estado
Não foi apenas o vice-governador Iberê Ferreira de Souza que levou um choque ao tomar conhecimento da existência de um nódulo no pulmão de origem desconhecida, após um check-up em São Paulo. A classe política do Estado também foi pega de surpresa com a notícia.
E não era para menos. Iberê está a 13 dias para assumir o governo do Rio Grande do Norte com a desincompatibilização de Wilma de Faria, candidato ao Senado.
Iberê Ferreira não quis voltar para Natal com a dúvida sobre seu real estado de saúde. Apesar de pequeno, o nódulo de origem indeterminada poderia ser um grande empecilho para quem vai disputar uma campanha eleitoral e se dispõe a assumir um cargo da maior relevância como é o de governador de Estado.
Iberê decidiu operar logo e esperar a biopsia para saber a origem do tumor. Foram quase três horas de cirurgia no Hospital Sírio Libanês, com a mesma equipe que atende o presidente Lula.
A doença repentina de Iberê Ferreira gerou dúvidas na cabeça de muita gente ontem que participa direta ou indiretamente da sucessão estadual. É natural que isso ocorra por causa da importância do político e o cargo que ele vai ocupar.
A discussão envolvia políticos da situação, gente muito próxima a Wilma de Faria e adversários políticos.
Segundo a assessoria e amigos de Iberê Ferreira de Souza, o procedimento cirúrgico transcorreu dentro do previsto e foi bem sucedido. E todos torcem por isso.
Mas algumas perguntas ficaram no ar:
– Iberê Ferreira vai se recuperar a tempo de assumir o governo com a desincompatibilização de Wilma?
– Caso fique impedido temporariamente, quem assumirá o governo? O presidente da Assembleia Legislativa? Robinson é candidato a vice-governador na chapa da senadora Rosalba Ciarlini. É adversário político do grupo da governadora. Se for governador interino neste momento, Robinson pode ficar inelegível para as eleições deste ano.
– E se Iberê Ferreira não puder assumir o governo? Robinson Faria será empossado governador e será candidato à reeleição?
– E se a doença impedir Iberê Ferreira de ser o candidato do grupo de Wilma? Quem será? Carlos Eduardo Alves? Ou Wilma poderá reatar a velha relação política com Robinson Faria?
– Como fica a chapa de oposição que contava com a presença de Robinson Faria no palanque de Rosalba?
Todas estas questões são prematuras pois é preciso esperar o resultado da cirurgia e o tratamento do vice-governador Iberê Ferreira de Souza. Mas todas elas foram feitas ontem nas rodas políticas e nas reuniões convocadas de última hora.
A ministra Dilma Rousseff, candidata do Lula à Presidência da República, também teve de enfrentar todo o tipo de questionamento quando tornou público o tratamento contra um câncer. Hoje ela está curada, segundo os médicos. Mas naquela ocasião o PT e o Palácio do Planalto chegaram a discutir um nome para substituir a candidatura da ministra.
É cedo para dizer que esse processo vai ocorrer com Iberê Ferreira. A assessoria do candidato tentava minimizar a notícia do procedimento cirúrgico para evitar estardalhaço. Mas é difícil minimizar um caso desta gravidade.
A governadora Wilma de Faria não escondia a preocupação com o estado de saúde do vice-governador, seu aliado, colaborador e seu candidato à sucessão estadual.
E não há como evitar a preocupação: a doença repentina do vice-governador provoa dúvidas sobre os destinos políticos e administrativos do Rio Grande do Norte.
Por Diógenes Dantas