O Solidariedade esteve reunido recentemente no Seridó e convidou padre Gleiber Dantas de Melo, hoje pároco de Florânia, para ser candidato a deputado federal nas eleições deste ano. O convite partiu de Kelps Lima, pré-candidato ao Governo e presidente estadual do Solidariedade.
“O Seridó fica frágil com a falta de um parlamentar no Congresso Nacional. E nós do Solidariedade estamos montando uma chapa própria para deputado federal, sem ninguém buscando reeleição, todos ‘do mesmo tamanho’. Padre Gleiber é um homem inteligente e sabe ouvir o povo, por isso o convite”, destacou Diego Vale, coordenador do Solidariedade no Seridó.
Padre Gleiber Dantas de Melo é natural de Caicó, faz mestrado em Letras na UERN e sua pesquisa é sobre Monsenhor Walfredo Gurgel, que foi deputado, senador e governador do RN, também sacerdote (como Gleiber) da família Dantas das Oiticicas.
Uma resposta
SOBRE UMA POSSÍVEL CANDIDATURA MINHA A DEPUTADO FEDERAL
1. O Partido Solidariedade, através do deputado estadual Kelps Lima, convidou-me, de fato, para ser candidato a deputado federal, no próximo pleito. Agradeci o convite, lembrando o que preceitua o Código de Direito Canônico sobre a participação dos ministros da Igreja Católica no exercício do poder civil. Sobre isso, o padre jesuíta Jesús Hortal, ao comentar o parágrafo terceiro do Cânon 285, diz: “No Brasil, não existe proibição pontifícia para os cargos públicos. Por isso, basta obter a licença dos Ordinários (próprio e do lugar onde o cargo há de ser exercido)”.
2. Quando monsenhor Walfredo Dantas Gurgel ocupou os cargos públicos de deputado federal, vice-governador, senador e governador, pelo estado do Rio Grande do Norte, já era necessário, assim como atualmente, obter licença do superior eclesiástico para concorrer aos pleitos e desempenhar o ofício. Sem tal licença, ele nunca teria se candidatado; por sua conduta de seguidor de Jesus, seridoense, ministro de Deus e filho da nação brasileira, desejo conduzir a minha. Assim, candidatar-me a qualquer cargo que seja, à revelia da Igreja Católica, é algo que jamais cogitei. Não quero nunca receber qualquer justa pena canônica por haver quebrado a comunhão de minha querida Diocese de Caicó.
3. A política é um instrumento de transformação social, “é uma das formas mais altas de caridade, porque busca o bem comum”, lembra-nos o papa Francisco. Se a Igreja, no atual contexto, não julga oportuna a participação de um clérigo no poder público (em nível federal, estadual ou municipal), apesar do inquestionável exemplo de monsenhor Walfredo Gurgel, digo, como o bem-aventurado Oscar Romero, que não posso senão “sentir com a Igreja”.
4. Assim, deixo clara minha plena comunhão com a Igreja de Deus que está no Seridó de todos nós, apascentada por dom Antônio Carlos Cruz Santos, missionário do Sagrado Coração, e, por ele, legítimo sucessor dos Apóstolos, com o papa Francisco.
Florânia, 24 de março de 2018.
Gleiber Dantas de Melo,
pároco da paróquia São Sebastião, em Florânia