Ao menos um ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RN), dois delegados, uma empresária, um procurador do estado, uma promotora de Justiça, dois jornalistas, um policial e um professor universitário tiveram o sigilo telefônico quebrado ilegalmente pelo juiz Carlos Adel, a pedido do ex-subsecretário de Segurança Pública e Defesa Social Maurílio Pinto. A denúncia foi feita pelo procurador geral de Justiça do Rio Grande do Norte, Manoel Onofre Neto, na manhã de ontem, e entregue ao Tribunal de Justiça.
Tribunal de Justiça se reuniu ontem, mas análise sobre as acusações foi adiada para a quarta-feira da próxima semana Foto: Frankie Marcone/DN/D.A Press
A corte presente ao TJ (quatro desembargadores e seis juízes substitutos) preferiu adiar para a próxima quarta-feira, 15, a votação sobre se deve ou não aceitar a denúncia. Não puderam comparecer à sessão o presidente do TJ, Rafael Godeiro, a vice-presidente, Célia Smith, e o corregedor João Rebouças.
Segundo o procurador, os jornalistas Anna Ruth Dantas e Robson Pires tiveram seus telefones interceptados no período de agosto de 2003 e março de 2007. Além delas, o procurador revelou os nomes da empresária Luanda Xavier Silveira, do ex-presidente da OAB Roberto Furtado, do delegado Delmonthier Falcão e do procurador Ivanildo Araújo de Albuquerque. Da denúncia, constam também os nomes da promotora de Justiça Elaine Cardoso de Matos Novais Teixeira, do policial civil e bacharel em Direito Marconi Eloi Mendes Ribeiro, do delegado Elivaldo Bezerra Jácome e do professor da UFRN Nássaro Antônio de Souza Nasser. Calcula-se que tenham sido feitas mais de 1,8 mil escutas clandestinas nessa época. “Esse número é absurdo e nenhum instrumento legal deu suporte a essas interceptações. Não tivemos nenhum contato com provas que as justificassem”, disse o procurador.
As escutas foram feitas de forma informal, segundo declara a denúncia do Ministério Público e é possível que tenham sido feitas mais grampos ilegais nesse período. O caso começou a ser investigado depois que o ex-deputado estadual Luis Antônio Vidal usou gravação ilegal de sua ex-esposa como prova em uma ação judicial. Questionado se seria possível haver um comércio de escutas ilegais, Manoel Onofre afirmou que todas essas hipóteses são possíveis, já que não está claro porque tantas escutas foram feitas.
Tranquilidade
O delegado Maurílio Pinto afirmou que está “tranquilo” e que tinha certeza que a justiça será feita. “Todos os grampos que pedi foram feitos em conformidade com a lei e serviram para investigações importantes da polícia”. Ele afirmou ainda que, se pudesse, faria tudo novamente. “A quantidade de crimes que evitamos graças a essas interceptações é imensa. Foram fugas, assassinatos e casos desvendados. Não me arrependo e, se pudesse, faria tudo novamente”. A reportagem tentou contato com o advogado de Carlos Adel, Felipe Cortez, mas não foi atendida.
Quem foi grampeado
– Elaine Cardoso de Matos Novais Teixeira – promotora de Justiça
– Ivanildo Araújo de Albuquerque – procurador do estado do RN
– Roberto Furtado – advogado e ex-presidente da OAB
– Elivaldo Bezerra Jácome – delegado
– Delmonthier Falcão – delegado
– Luanda Xavier Silveira – empresária
– Marconi Eloi Mendes Ribeiro – policial civil e bacharel em Direito
– Nássaro Antônio de Souza Nasser – professor universitário
– Anna Ruth Dantas – jornalista
– Robson Pires – jornalista
Fonte: Diário de Natal
Foto: Carlos Adel
Uma resposta
Será que o juiz errou mesmo????mais com certeza a verdade reina.