Lama da Vale pode ter destruído sítios arqueológicos em Brumadinho

O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), que deixou 166 pessoas mortas, 155 desaparecidas e uma mancha de destruição ambiental, pode ter feito também outra vítima: o patrimônio histórico.

Pelo menos oito sítios arqueológicos identificados pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) estavam na rota da lama de rejeitos de mineração da Vale.

São eles: Samambaia 1 e 2, aqueduto Córrego do Feijão, Berro 2, Fazenda Velha 1 e 2 e Fazenda Recanto 1 e 2. Há ainda outros sítios que podem ter sido comprometidos por ficarem ao longo do rio Paraopeba.

Nos sítios Fazenda Velha, à margem direita do ribeirão Ferro-Carvão (ou Córrego do Feijão, que dá nome à mina da Vale) foram encontradas ruínas de edificações com muros de pedra e adobe. Estruturas de pedra que formavam muros de blocos encaixados também faziam parte do sítio arqueológico da Fazenda Recanto.

No sítio Samambaia 1, arqueólogos encontraram escavações circulares que caracterizam fornos de carvão e um canal de adução (sistema de transporte de água). Também há uma construção colonial, com alicerces de pedra, parede de pau a pique e assoalho de madeira. A escadaria da casa foi construída em pedra.

Nenhum desses bens é tombado pelo Patrimônio Histórico federal.

A região de Brumadinho começou a ser explorada a partir do século 18, com a ocupação do vale do rio Paraopeba por expedições dos bandeirantes -dessas entradas surgiram cidades como Ouro Preto e Mariana. O Iphan informou que os sítios arqueológicos não estavam catalogados, de modo que não seria possível informar as datas estimadas ds construções que podem ter sido atingidas pela lama da Vale.

O rompimento alarmou a coordenadoria de defesa do patrimônio cultural do Ministério Público de Minas Gerais, que acionou a superintendência do Iphan em Minas Gerais para que fizesse uma vistoria no local.

O Iphan respondeu à Promotoria que “elementos culturais mais significativos, como por exemplo Serra da Calçada [conjunto histórico e paisagístico entre Brumadinho e Nova Lima] e Forte Brumadinho [do século 18], estão fora da área afetada.”

À reportagem, o órgão afirmou que “não é possível mensurar a ocorrência dos impactos em bens culturais acautelados pelo governo federal em função dos trabalhos de resgate das vítimas e de recuperação dos danos causados pelo acidente, que ainda estão sendo realizados.”

“O Iphan se mantém atento e acompanha os trabalhos realizados no local. Assim sendo, aguarda o momento propício para, se necessário, fazer as intervenções técnicas cabíveis ao Instituto e, desta forma, cumprir sua missão constitucional de proteção e salvaguarda do Patrimônio Cultural Brasileiro.” Com informações da Folhapress.

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