Anulação do caso Odebrecht cola imagem do STF na de Lula

Hoje testemunhamos uma nova página ser escrita na história da política nacional. A decisão do STF sobre o caso Odebrecht é uma reviravolta que ultrapassa o caso em si e suas implicações políticas. Temos aqui uma implicação institucional, de estrutura do Estado e, sobretudo, do equilíbrio entre os Três Poderes.

O PT vinha tentando e agora aparentemente conseguiu colar a imagem do Judiciário à sua própria. O esforço mais evidente é o de espalhar a desinformação de que Dilma Rousseff foi inocentada pelo TRF1. Não foi. O tribunal disse que ela deveria ser julgada no Congresso por crime de responsabilidade, como foi.

São, no entanto, tecnicalidades muito difíceis de entender e ainda mais de explicar. Tudo o que vem da Justiça acaba sendo reescrito pelo mundo político em diversas narrativas. Repor a história é muito difícil porque quase ninguém entende como esse universo funciona.

A Odebrecht não foi processada por corrupção só no Brasil nem fez acordo de leniência só aqui. Esse, de R$ 3,8 bilhões, foi assinado conjuntamente por autoridades daqui, dos Estados Unidos e da Suíça.

A empresa também enfrentou problemas com corrupção em Antigua e Barbuda, Argentina, Colômbia, Equador, Guatemala, México, Panamá, Peru, República Dominicana e Venezuela. Fica difícil encaixar neste cenário a tese de que a história toda seria apenas a pressão de um grupo político brasileiro para prender Lula e chegar ao poder.

O argumento do abuso da persecução penal tem um timing complicado. As pessoas já não lembram muito direito do que ocorria na época da Lava Jato. O que elas lembram é o que tem ocorrido com humoristas e youtubbers recentemente. Inevitável que façam a comparação e questionem a uniformidade das decisões judiciais.

Além disso, faz pouquíssimo tempo que a Justiça dizia que estava tudo bem com a Lava Jato e tanto Lula quanto empresários eram criminosos. Os detalhes de como isso é revisto são complicados para o debate público. Fica, no público, a impresssão de que cada hora as decisões são tomadas de uma forma.

Também surge uma outra impressão, a de que a instituição Justiça está colada em Lula e no PT. Isso pode ser muito bom politicamente para o presidente, mas é ruim para o Judiciário, para o equilíbrio entre os Três Poderes e, sobretudo, para a democracia.

Madeleine Lacsko – O Antagonista

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