Agosto de Dinarte: 113 anos de nascimento

dinarteO Seridó que a gente ama sente falta de Dinarte. Ele foi Prefeito de Caicó, Governador do Estado e Senador da República com fortes vínculos com o Seridó e, muito especialmente, com Caicó a quem dedicou uma bonita confissão: “Caicó é uma terra onde todo aquele tiver vocação para lutar e coragem para suportar aquele meio, deve chegar lá. Porque é uma terra em que o povo ensina muita coisa, pois assim se explica alguma coisa que aprendi; porque muitos aprendem de fora, indo buscar nos centros mais civilizados alguma coisa pra trazer de volta. Fiz o contrário: aprendi na minha terra e levei para fora alguma coisa que a minha terra me ensinou. E parece que não fui muito reprovado nessas coisas”.

Dinarte de Medeiros Mariz nasceu, em Serra Negra do Norte/RN no dia 23 de agosto de 1903. Era filho de Maria Cândida de Medeiros e de Manoel Mariz Filho. Maria Cândida de Medeiros, a mãe, era filha do Senador José Bernardo de Medeiros e de Paulina Engrácia Fernandes. O pai, Manoel, era filho de Manoel Medeiros Mariz (Coronel Mariz) e de Francisca dos Passos.

Do casal Manoel Mariz e Maria Cândida de Medeiros, além de Dinarte, nasceram: José Bernardo; Edgar; Severino; Dirceu; Derosse; Descarte; Rui; Paulina; Joana; Cândida; Osmila; Safira, segundo pesquisa publicada na página de João Simões Lopes Filho na internet, que também noticia dados sobre o casamento do líder seridoense com Diva Borborema Wanderley (*29-07-1911 +05-08-2000), respeitada dama que com ele esteve por quase 60 anos. Segundo a pesquisa, o casamento de Dinarte com Dona Diva ocorreu em Serra Negra do Norte, no dia 28 de julho de 1925. Ela era filha de Vigolvino Pereira Monteiro Wanderley e Maria Augusta Borborema. São filhos do casal Dinarte e Diva: Maria Augusta; Dinarte Junior; Roberto; Terezinha; Ruben Gustavo; Vigolvino Wanderley Mariz. Dinarte, além dos filhos do casamento, foi pai de alguns outros filhos, estendendo a todos seu apoio, assim como fez com seus muitos sobrinhos e afilhados. A todos, com o solidário conhecimento de Dona Diva, Dinarte ajudou.

No Caicó de todos nós, cujo Agosto não pode passar sem o devido registro, Dinarte foi estudante, comerciante e político. Bem jovem, em 1930, foi nomeado Prefeito. Em 1933 ajudou a fundar o Partido Popular, ao lado de José Augusto e outros mais. Aluízio Alves, ainda menino, acompanhou a fundação do partido. Em 1935 foi um dos articuladores da reação a Intentona Comunista. Arregimentou homens e armas para evitar que a Revolução Comunista chegasse ao Seridó. Em 1945, também com José Augusto, Juvenal Lamartine, Aluízio Alves e outros líderes, fundou a UDN no Rio Grande do Norte. Em 1954, depois de uma tentativa anterior sem êxito, chega ao Senado Federal. De 1956 ao início de 1961 foi Governador do Estado. A sucessão em 1960 foi o marco do rompimento com Aluízio e José Augusto. Dinarte apoiou Djalma Marinho, ainda na UDN. Aluízio se lançou por uma aliança onde estava o PSD, então maior adversário da UDN. Venceu Aluízio e a partir daí se inaugurou uma nova divisão na política potiguar: aluizistas e dinartistas.

dinarte dois

Em 1962, Dinarte voltou a ser eleito Senador, mandato que renovou diretamente nas eleições de 1970 e, indiretamente, em 1978. Faleceu no exercício do cargo aos 9 dias do mês de julho de 1984. Foi um líder ouvido e respeitado, mesmo por adversários. Evidentemente que agradou a muitos e desagradou a outros, mas, creio, que a maioria reconhece que ele era uma voz de peso em defesa do Seridó e dos seridoenses.

Como Governador e Senador emprestou especial atenção as questões da educação e a tudo que interessava ao Seridó, com visível destaque para a fundação da Universidade do Rio Grande do Norte, depois federalizada, e dos Institutos de Educação em Caicó (CEJA) e Mossoró, dentre outras iniciativas. Entretanto, o que mais destacava sua atuação era, de fato, a presença nos momentos mais importantes da Região. Dinarte tinha vida seridoense, tanto pela Fazenda Solidão, quanto pela família e pela atividade política propriamente dita, apesar dos tempos mais difíceis em relação a comunicação e deslocamento. No início dos anos 80, por exemplo, diante de uma tentativa de saque ao comércio local por famílias castigadas pela impiedosa seca daquele período, o velho Senador foi para a Prefeitura de Caicó, mobilizou a Defesa Civil, ajudou a colocar em ordem a situação, ficou à frente de tudo, inclusive, por alguns momentos na porta principal tranquilizando as pessoas. Deste momento, fui testemunha. Outros momentos ouvi de pessoas que conviveram com ele em diferentes situações, inclusive, em campanhas opostas que atestam: Dinarte de Medeiros Mariz, sertanejo como tantos de nós, exercia a solidariedade por vocação!

ferPor Fernando Antonio Bezerra

6 respostas

  1. Trabalhava na Prefeitura de Caicó, nessa época da tentativa de saque ao comércio local. Dinarte foi um grande conciliador dos fatos e ajudou a adquirir alimento para todos. Pelo menos, nesse dia o povo saiu satisfeito. Hoje, não existe político com a epígrafe de Dinarte Mariz. UM GRANDE HOMEM PÚBLICO.

  2. Parabéns pela belíssima reportagem Fernando Antônio Bezerra. Dinarte Mariz quando Senador, nos sábados que estava em Caicó atendia as pessoas. Nunca ouvi falar de outro político que fez isso. Minha mãe era Dinartista. Cresci ouvindo as histórias delas. Assistimos ao sepultamento do grande líder pela televisão em 1984. Já visitei o túmulo dele no Cemitério do Bairro Paraíba.

  3. Morria pelos amigos, solidariedade era um marco forte de Dinarte, humilde de coraÇÃO, leal com os seus, fez de Aluizo um cidadão de bem , apoio, buscou lugar para ele lhe queria muito bem , o colocou até no lugar da sua esposa lá na antiga LBA, mas Aluizo lhe enganou e traiu, roubou sua boa fé , lhe machucou muito a traição desse Alves gatuno..

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