No carnaval, o planeta é Caicó
Já percebemos nas ruas a inquietação peculiar dos primeiros suspiros do período momesco. É neste momento que o esforço de alguns expõe as fraturas e a incompetência política de outros, que figuram em fotos, notas, blogs e jornais como baluartes impostores de uma festa que acontece sozinha, movida, na verdade, somente pelo espírito alegre e ufanista do povo caicoense.
Pelas ruas já é possível ouvir os trombones de vara, o burburinho das cocotas que desfilam e se exibem em algumas das famigeradas sedes de blocos, o chocalho das burrinhas que iniciam os pequenos foliões na arte de um bom carnaval e na perseverança de manter viva, independente do interesse mesquinho e dissimulado dos senhores do poder, a festa mais democrática do planeta. E no carnaval, o planeta é Caicó.
Salve seu Diógenes, saudoso na memória dos que entendem a dimensão social e antropológica do carnaval caicoense. Em sua humildade e inteligência cultural, o que diria, se vivo fosse, dos paredões e marombados espalhados por todas as esquinas da rainha do Seridó, como se carnaval fosse isto.
Salve Magão, que consegue fazer da festa de todos uma oportunidade para protestar, denunciar a demagogia populista dos votados e, mesmo assim, a faz o único sustentáculo coerente de um evento que leva milhares de forasteiros e muitos reais a Caicó. Todos bem-vindos.
É melhor nem saber qual será o hit deste ano. Em número e força, o volume das aparelhagens de som dos que ainda defendem a autenticidade não teria competência suficiente para reverberar mais que “Minha mulher não deixa não”. Covardia.
No mais, estaremos lá. O GrandePonto, como de certa forma faz há mais de 30 anos, numa teimosia só, estará em Caicó ao som de Capiba, Claudionor Germano, Alceu Valença, Dosinho, Morais Moreira, Dodô e Osmar, Asas da América…
Por Ádamo Rocha – d’O Grande Ponto