Seca reduz produção de queijos no estado

Deu na Tribuna do Norte:

queijeira

A queda na produção de leite está provocando um efeito cascata no Rio Grande do Norte. Várias queijarias já reduziram a produção por falta de matéria-prima. Em alguns casos, a queda chega a quase 80%, comprometendo o faturamento das empresas e ameaçando as finanças. Com a redução da oferta, o preço do leite in natura também subiu em torno de 40%, passando de R$ 0,85 para R$ 1,20. Em alguns casos, é preciso pagar R$ 1,40 por um litro de leite in natura na porteira. Em decorrência disso, os queijos já estão custando 30% a mais nas prateleiras.

Para evitar demissões de trabalhadores, algumas queijarias estão concedendo férias a parte dos funcionários ou reduzido o horário de expediente. Esta foi a alternativa encontrada por Alane Kaline Fernandes de Araújo, uma das diretoras da Queijaria Dona Gertrudes, há 30 anos no mercado, para não demitir os funcionários, em Caicó. Em poucos meses, ela viu a produção cair 56,6%, passando de 300 quilos para 130 quilos por dia.

A redução na queijaria de José Henrique Bezerra, mais conhecido como Zé do Queijo, no município de Bom Jesus, interior do estado, foi ainda maior. “Antes produzíamos cerca de 200 quilos de queijo por dia. Hoje produzimos 45 quilos. Deixamos até de revender”, afirma. A redução no caso dele chega a 77,5%. “O volume de leite comprado está caindo. Antes comprávamos 2,5 mil litros de leite por dia. Hoje só conseguimos 500 litros”, compara o produtor.

Por falta de fornecedor, Francyjose Bezerra Moura teve de fechar a ‘Casa do Queijo’, no centro de Parnamirim. Mesmo vendendo outros produtos como bolo, pão e bolachas, a empresária decidiu fechar as portas. Outras razões também pesaram na decisão, mas a falta de matéria-prima que dá nome ao negócio foi a principal delas. O negócio mal completou três meses. Francyjose justifica: “a fábrica deixou de revender para gente. Não recebemos queijo há quase 20 dias”.

Segundo estimativa da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Seridó (Adese), o RN possui aproximadamente 400 queijarias, boa parte delas no Seridó. Juntas, elas geram em média 2,5 mil empregos diretos. Para Acácio Brito, gestor do projeto de Leite e Derivados do Sebrae no estado, o problema é generalizado.

A indústria de derivados de leite também sofre. Na falta de leite in natura, boa parte delas tem recorrido ao leite em pó para produzir desde iogurtes a coalhadas, onerando o produto final, afirma Francisco Belarmino, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios do RN (SindiLeite). “Comprar leite em pó só compensa porque o preço do leite in natura subiu muito”, afirma.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), o RN industrializou 15,2 milhões de litros de leite entre janeiro e setembro de 2012. O IBGE ainda não divulgou os dados referentes ao último trimestre de 2012. O volume industrializado foi o menor dos últimos cinco anos para o período. A queda no volume industrializado no estado com relação ao mesmo período do ano passado chega a 14,4%. O Brasil também sofre com a seca, mas conseguiu pelo menos manter a industrialização de leite estável no último ano.

A queda na produção também tem afetado o Programa do Leite, que deveria distribuir leite in natura para 115 mil famílias só no Rio Grande do Norte. Segundo cálculos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), que cuida do pagamento dos produtores, o volume distribuído caiu 25,17%. A meta era entregar 155.646 litros por dia, mas o Estado só tem conseguido distribuir 115.977. Segundo alguns produtores, o volume distribuído seria ainda menor que o oficial.

“Algumas indústrias de laticínios interromperam, parcialmente, a entrega do produto em alguns municípios, mesmo após o preço do litro do leite pago ter passado de R$ 1,32 para 1,53 para o bovino, e de R$ 1,82 para R$ 2,10, para o produto caprino, aumento concedido pelo governo do estado no mês de agosto, retroativo a maio de 2012”, justificou um técnico da Emater no RN.

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