Wilma de Faria: prioridade é viabilizar tudo nos próximos 12 meses

Os investimentos que ajudarão Natal a se preparar para receber a Copa do Mundo de 2014 vão refletir em todo o Estado. É isso o que espera a governadora Wilma de Faria. Ela entende que os cerca de R$ 5 bilhões que deverão ser movimentados antes e durante a competição vão representar um “divisor de águas” na história do Rio Grande do Norte. em entrevista para a tribuna do norte, a governadora fala ainda sobre as fontes dos recursos e o “legado” que a copa deve deixar em território potiguar.

O que representa para o Estado a escolha da capital como subsede? Grandes investimentos ou grandes desafios?

É importante frisar que o projeto “Natal 2014” não é somente projeto de governo, mas um  projeto de Estado.  Pensei no futuro do Rio Grande do Norte, no desenvolvimento econômico e nas oportunidades de investimentos que o maior evento esportivo do mundo pode gerar para um Estado pequeno como o nosso. Acho que com a escolha do Estado como uma das sedes, já tenhamos superado o maior dos grandes desafios desse nosso projeto ousado. Ao final, o que vai mesmo ficar no Estado são os grandes investimentos, não só de concreto e cimento, mas os que chegarão em áreas importantes como saúde, qualificação de mão-de-obra, segurança, expansão do comércio e do turismo. Os desafios, que não são pequenos, iremos superar, não tenho dúvidas. Tivemos sobretudo coragem e ousadia de investir para a Copa, quando muitas vozes calaram ou criticaram abertamente.

Quais projetos o governo já tem prontos, ou em desenvolvimento, com vistas a 2014?

Apresentamos à Fifa um projeto viável. Temos o mais completo e estruturado projeto técnico de todos os que foram apresentados para a Copa de 2014. Embora a Arena das Dunas esteja localizada em uma área privilegiada, que já conta com vias de acesso importantes, a Grande Natal ganhará até 2014 grandes investimentos em infraestrutura. O aeroporto de São Gonçalo do Amarante estará viabilizado, teremos concluído as obras do pró-transporte, a Via Metropolitana – que vai desafogar todo o transito pesado da Grande Natal – já estará implantada, receberemos o nosso Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), e teremos várias obras viárias no entorno da Arena das Dunas. Vou dar um exemplo: a avenida Mor Gouveia será interligada ao anel viário do campus da UFRN. Esses são apenas alguns projetos que já estão, inclusive, sendo realizados e que vão transformar por completo a infraestrutura da Grande Natal.

  Embora faltem cinco anos, o trabalho certamente tem de começar o quanto antes. Quais são as prioridades para o período no qual a senhora continuará como governadora?

É importante falar do nosso trabalho para viabilizar o projeto “Natal 2014”. Fomos, inclusive, o único Estado que já apresentou à Fifa as empresas que irão investir. A nossa prioridade para os próximos 12 meses é viabilizar por completo o projeto. Já implantamos o comitê gestor, captamos 10 grandes empresas internacionais que vão investir, contratamos as melhores empresas de arquitetura e consultoria para a elaboração dos projetos e teremos total empenho do Governo do Estado nos próximos 12 meses. Tenho certeza que toda a classe política e empresarial do Estado estará unida para viabilizar o projeto, deixando a política de lado e focando os esforços nos investimentos que serão desencadeados a partir de hoje.

E como deve ser a relação com a prefeitura?

O Governo do Estado contratou todos os projetos até agora. Mas como já disse, estamos desde o primeiro momento chamando para a união de esforços de todos. Queremos a Prefeitura como nossa parceira. No primeiro encontro que tive com a prefeita Micarla, depois que ela foi eleita, já conversamos sobre o projeto e estamos caminhando juntos. É muito importante essa união de esforços, não só do Governo e da Prefeitura, mas de toda a sociedade, de todas as áreas empresariais. Vamos receber investimentos nos próximos cinco anos que vão beneficiar todo o Estado. Investimento de R$ 5 bilhões para um Estado como São Paulo, por exemplo, tem pouco significado econômico. Mas investimento dessa ordem no Rio Grande do Norte é um divisor de águas.

E qual a importância do apoio do Governo Federal?

O Governo Federal já anunciou que irá elaborar um PAC exclusivo para viabilizar a Copa de 2014. E nesses projetos que já citei anteriormente o Governo Federal é nosso parceiro direto. Sejamos justos: sem o apoio irrestrito do Governo Federal não seria possível a realização de um evento como a Copa do Mundo de Futebol, assim como não teriam sido possíveis os Jogos Panamericanos, por exemplo.  

Aliás, quais as fontes de recursos o governo deve buscar para bancar os investimentos necessários?

Nosso projeto será viabilizado através de uma PPP (parceria público-privada). No projeto em si, que inclui a Arena das Dunas, o ginásio de esportes, o centro de convenções, centros administrativo estadual e municipal, hotéis, shoppings, centros comerciais e parque não haverá recursos públicos. A empresa, ou as empresas, que ganhar a licitação investirá na construção da Arena das Dunas e dos centros administrativos. Em troca poderá explorar comercialmente os demais equipamentos, como hotéis, prédios residenciais e shoppings. E também vai poder administrar por um determinado período todo o complexo esportivo. Ou seja, dinheiro público mesmo só nas obras de infraestrutura e melhoria dos serviços. Há uma estimativa que nos próximos cinco anos o projeto “Natal 2014” traga para o Estado investimento de mais de R$ 5 bilhões. 

Quanto de recursos próprios serão utilizados? Isso vai atrapalhar investimentos em outras áreas?

Como eu já disse, o projeto em si será executado com recursos privados. Já as obras de infraestrutura com recursos públicos. E é bom ressaltar que a maioria dessas obras de infraestrutura já estava planejada ou em execução. São obras necessárias para melhorar a mobilidade urbana da Grande Natal. Não teremos prejuízo em nada com o “Natal 2014”.

  E o restante do Estado, pode ser beneficiado com a copa em Natal, ou vai ficar só “assistindo” ao que acontece na capital?

Você tem ideia de quantos empregos diretos esse projeto vai gerar? E a maioria desses será justamente na construção civil, que beneficia diretamente a população mais carente e que mais precisa de oportunidades de emprego. Não tenho dúvidas que todos o Estado vai se beneficiar com o projeto. Como já disse, investimentos como este em um Estado forte como São Paulo não tem muito impacto. Mas aqui no Rio Grande do Norte irá fortalecer a nossa economia e o mercado de trabalho como nenhum outro projeto já implantado aqui.

E depois da copa, o que pode garantir a utilização das estruturas erguidas, para que não se tornem “elefantes brancos”?

O nosso projeto foi apontado como o mais viável justamente por garantir a utilização de todas as áreas construídas. Com a concentração dos centros administrativos estadual e municipal, os hotéis, por exemplo, terão fluxo de hospedagem garantido. As estruturas esportivas, assim como os demais equipamentos de lazer, formarão o maior parque de entretenimento do nosso Estado. Será uma área nova, no coração da nossa capital. Será, com certeza, a área mais frequentada da cidade. 

 E quais frutos esses investimentos poderão deixar para o RN?

Não tenho medo de errar: Natal será uma antes e outra depois da implantação do projeto “Natal 2014”. Em relação à infraestrutura, a melhoria de serviços básicos de segurança, transporte e saúde; com os novos equipamentos de esporte e lazer que serão implantados e, principalmente, com as milhares de oportunidades de empregos que serão geradas nos próximo cinco anos.  

Mas até lá, em seu entender, qual será o grande desafio do Governo?

O maior desafio foi ter tido a visão de futuro que esse projeto anunciava. Lembro que poucos, muitos poucos mesmo, acreditavam que o Rio Grande do Norte pudesse ser escolhida como uma das sedes. Olhei para o futuro e determinei que a nossa equipe elaborasse o melhor projeto possível. Hoje estamos aqui. Já superamos o maior desafio: Estamos na Copa de 2014! O Rio Grande do Norte será mostrado para, no mínimo, 1 bilhão e 500 mil pessoas que assistem em todo o mundo a um jogo da Copa do Mundo de Futebol. O nosso grande desafio agora é fazer com que todos os potiguares cheguem ao dia desse jogo, seja no estádio ou em frente à televisão, e se emocionem ao ver o nosso Estado sendo mostrado para todo o mundo como exemplo de organização, esforço e dever cumprido. E que todos se sintam como parte dessa história. O Governo acreditou, investiu e a vitória é de todos!

Fonte: Tribuna do Norte