O que estava em curso? O processo de anunciação do vice-governador Iberê Ferreira de Souza como candidato do grupo de Wilma de Faria ao governo do estado.
As declarações do deputado Gustavo Carvalho, do PSB, deram início a esse processo, causando polêmica e reações de toda ordem.
A principal reação revelou-se ontem (11): o PMDB de Henrique Eduardo Alves juntou-se ao PMN e o PP de Robinson Faria e o PR de João Maia para dizer a Wilma: – Pera lá! Nós precisamos ser ouvidos. Senão…
É racha!
O anúncio da formação do bloco unindo legendas tão importantes – PMDB, PR, PMN e PP – no jogo da sucessão estadual é a novidade que Henrique Alves me dizia na semana passada e que ele denominava “bomba”. E foi mesmo.
A chamada “Unidade Potiguar” empareda a governadora Wilma de Faria. E enfraquece Iberê Ferreira de Souza na base do governo.
Há quem diga que a “Unidade Potiguar” enfraquece até a candidatura de Rosalba Ciarlini que sonha ver o PMDB e demais partidos insatisfeitos da base de Wilma junto com o Democratas na próxima campanha. Mas isso é outra história.
Nesse primeiro momento, a nova aliança provoca estragos na base da governadora Wilma de Faria que caminhava para o anúncio de Iberê Ferreira.
Isso não quer dizer que Iberê Ferreira está inviabilizado, que está fora do jogo. Mas custará mais caro, dará mais trabalho para fazê-lo o candidato governista.
Se por um lado, a notícia do lançamento da nova aliança é ruim para os planos do wilmismo, por outro é bom para Wilma porque ela ganha tempo para conversar com os aliados. Por conta das declarações de Gustavo Carvalho e das últimas manifestações da própria governadora, o clima na base era de guerra total, a caminho de um racha, de rompimento.
Agora, tendo Henrique Eduardo Alves como fiador e também interessado nas decisões do grupo governista, Wilma ganha tempo para articular o melhor palanque em 2010.
Na minha avaliação, ela fica muito pressionada e a “Unidade Potiguar” inverte um pouco os papéis, tirando da governadora o comando único de todo o processo. Wilma não vai apenas fazer o anúncio do candidato. Ela terá de negociar bastante o melhor caminho para vitória do seu grupo.
João Maia me dizia na semana passada que na eleição de Natal, simplesmente, a governadora e demais lideranças do seu grupo ignoraram ele e Robinson no processo de escolha do candidato. Ao serem escanteados, eles ficaram à vontade para subir no palanque de Micarla de Souza.
Dessa vez, João Maia e Robinson Faria se antecipam e formam um novo bloco, agora com Henrique Alves, para influenciar mais em todo processo.
Henrique Eduardo Alves, que reiterou ontem apoio a Wilma e ao governo Lula, surge como fiel depositário dos interesses do grupo. E sabemos que o maior interesse de Henrique é fazer o jogo do PMDB.
E Henrique será o principal interlocutor de uma governadora que não costuma aceitar emparedamento ou qualquer tipo de enquadramento.
O jogo sucessório estadual está ficando cada vez mais interessante.
Por: Diógenes Dantas