Testes indicam que alojamento do Flamengo não tinha prevenção contra incêndio

A velocidade com que o fogo se propagou no contêiner onde dormiam 26 atletas dos times de base do Flamengo indica que o material não tinha recebido tratamento contra incêndio. A conclusão é do professor Alexandre Landesmann, especialista do Laboratório de Estruturas e Materiais do Programa de Engenharia Civil da Coppe, depois de assistir aos vídeos do incêndio, que matou dez jovens, e fazer alguns testes em seu laboratório.

Já no dia seguinte ao incêndio, o Flamengo informou que os contêiners são feitos de chapas de aço recheadas de poliuretano. O clube informou também que o poliuretano havia recebido um tratamento especial contra o fogo. Especialistas em propagação de incêndio rebateram a informação, dizendo que, com o tratamento, as chamas jamais poderiam ter se alastrado com aquela velocidade.

Sem o tratamento, no entanto, o poliuretano é um material extremamente inflamável. Landesmann fez alguns testes em seu laboratório, mostrando como o material pode entrar em combustão mesmo sem a presença de chamas, apenas diante do calor excessivo.

“Usamos amostras que tínhamos aqui no laboratório, de chapas de aço recheadas de poliuretano sem tratamento retardante de chamas”, explicou Landesmann. “Mas, claro, não são amostras do Flamengo.”

Landesmann frisou ainda que sua intenção não é demonizar o material. “Tem muitas vantagens, como a construção limpa e rápida, que oferece isolamento térmico e acústico, e é muito usado em escolas, hospitais, vários ramos da construção civil”, explicou. “Mas como qualquer componente da construção, deve atender a requisitos de segurança contra incêndio.”

Quando recebe o tratamento adequado, o material simplesmente não pega fogo. “A chama se extingue automaticamente”, diz. “Mas quando não tem o tratamento, o fogo se espalha imediatamente.” No caso específico do alojamento dos atletas, diz Landesmann, mesmo diante de um curto-circuito, o fogo teria sido extinto.

Além disso, explica o especialista, a combustão do poliuretano gera cianeto de hidrogênio, uma substância venenosa. “Dependendo da concentração pode ser imediatamente fatal”, explicou.

Agência Estado

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