Quando a capital grita, o estado se cala?

O anúncio da manutenção dos valores das emendas federais impositivas do Rio Grande do Norte para as áreas da Segurança (R$ 40 milhões), Saúde (R$ 30 milhões) e Educação (R$ 20 milhões) e o contingenciamento no valor da emenda destinada ao projeto do Terminal Turístico da Redinha, em Natal, colocou a bancada potiguar num canto de parede, principalmente após a ação do prefeito de Natal, Álvaro Dias, e parte da classe política e imprensa da capital, em protesto contra a decisão da bancada.

A força capitaneada pelo prefeito pressiona para que seja feito um contingenciamento linear em todas as emendas, jogando às favas a noção de prioridade num estado que enfrenta seus maiores desafios exatamente nas áreas da Segurança, Saúde e Educação. A pressão foi tanta que, dois dias após o anúncio da manutenção dos valores – feito na quarta passada – a bancada fez novo comunicado, retificando a decisão e retirando 15% das emendas da Saúde (R$ 4,5 milhões) e Educação (R$ 3 milhões) para ampliação do valor destinado ao Terminal Turístico da Redinha – que passou de R$ 1 milhão para R$ 8,5 milhões.

A senadora Zenaide Maia chegou a enviar comunicado à imprensa mostrando-se “insatisfeita” com a manutenção das verbas integrais para Segurança, Saúde e Educação, e defendendo um corte igual em todas as emendas. A pressão da capital deu resultado e o restante do estado perdeu mais uma. Mas, a capital não se deu por satisfeita. O prefeito e seus apoiadores fortaleceram a pressão e tentam ainda ampliar o valor da emenda da Redinha para, no mínimo, R$ 20 milhões, retirando ainda mais dos valores definidos para as três áreas críticas (Segurança, Saúde e Educação) e para as obras da Barragem de Oiticica e Ramal Apodi Mossoró.

A situação revela, infelizmente, mais um caso onde prevalece a política de tornar Natal zona prioritária, independente do que se passa no restante do Estado. Defender a redução de investimento público em áreas vitais como Segurança, Saúde e Educação para atender a um projeto turístico que pode ser muito importante, mas não tem nada de urgente, nos mostra um olhar completamente distorcido sobre a noção de um estado amplo e diverso.

Enquanto as emendas para a Saúde e Educação preveem aplicação em melhorias para todo o estado, a emenda para o Terminal Turístico da Redinha é limitada a um projeto da capital. Importante, reforço. Mas em nada urgente, se comparado aos problemas mais críticos nos municípios potiguares. Os valores previstos para a Educação, por exemplo, serão destinados a projetos estruturantes na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) nos seis municípios onde ela está presente (Natal, Mossoró, Assu, Patu, Caicó e Pau dos Ferros), melhorando a qualidade do ensino para todos os potiguares que têm na universidade o sonho de um futuro melhor.Torço que o bom senso prevaleça e que não assistamos mais um episódio onde o primo rico se esbanja à mesa, enquanto os primos pobres passam fome no interior do estado.

Por Esdras Marchezan -Jornalista e Professor da UERN

Do blogue de Saulo Vale

 

Uma resposta

  1. alguem avise a esse professor que turismo é uma fonte de renda e arrecadação, e é com essa arrecadação que o municipio e o estado pagam o salario dele, tem mais: o rio grande do norte não tem a menor condição de manter uma universidade, pois mantem nem as escolas do estado, provavelmente é um entregão, a favor dos “emprestimos” a cuba, venezuela e outros da mesma linha, tenho dito

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