Palocci disse que Garibaldi não era confiável e Dilma engoliu a seco sua indicação

Somente um país maduro e estável, que atravessa um dos melhores momentos de sua história, poderia dar-se ao luxo de assistir, sem sobressaltos, a um presidente da República de saída do cargo escalar boa parte do ministério do presidente de entrada. E a um deputado como o octogenário Pedro Novais (PMDB-MA) ir parar no ministério do Turismo.

Nada contra o comportamento de Lula. Se Dilma que poderia ter não tem, quanto mais eu? Nada contra também a promoção a ministro do apagado Novais – deputado federal há seis mandatos consecutivos. No caso dele, o que chama a atenção foi a maneira como acabou escolhido.

Presidente do PMDB e vice-presidente da República, o deputado Michel Temer acalentava duas pretensões: manter o paulista Wagner Rossi, seu amigo, no ministério da Agricultura, e garantir uma vaga de ministro para o carioca Moreira Franco. Realizou as duas.

Animado, passou a acalentar uma terceira: empurrar para dentro do governo o gaúcho Mendes Ribeiro, reeleito deputado federal. Assim, a vaga dele na Câmara cairia no colo de Eliseu Padilha, deputado federal desde 1995, mas que desta vez só obteve votos suficientes para ficar como primeiro suplente.

Foi então que Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Câmara, lembrou a Temer a existência de dois empecilhos para que desse certo a manobra a favor de Padilha: ele fora ministro dos Transportes do governo Fernando Henrique; e apoiara José Serra, candidato do PSDB a presidente.

Soprado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), seu colega de jogadas ardilosas na Comissão de Orçamento da Câmara, o nome de Novais começou então a circular dentro do PMDB como o mais indicado para ocupar qualquer vaga ministerial. Novais colecionava uma série de vantagens.

Devido à idade avançada, está no fim de sua carreira política. Não fará sombra a ninguém. Sabe como os políticos dependem da liberação de verbas do Orçamento da União para irrigar suas bases eleitorais. E é ligado ao senador José Sarney (PMDB-AP), aliado de Dilma e Lula.

Henrique Eduardo viu em Novais a chance de emplacar seu primo Garibaldi Alves (PMDB-RN) como ministro da Previdência. O cargo fora oferecido por Dilma ao senador Eduardo Braga (PMDB-AM). O senador Renan Calheiros (AL) entrou na parada a pedido de Henrique Eduardo.

Perguntou a Braga: “Está pronto para ter sua vida impiedosamente devassada pela imprensa?”. Braga concluiu que não – e desistiu. Renan e Sarney avalizaram a nomeação de Garibaldi, reeleito senador em dobradinha com José Agripino, líder do DEM no Senado.

Garibaldi não é confiável”, interferiu Antônio Palocci, futuro chefe da Casa Civil, em telefonema para Renan. “Nem pra gente ele é”, concordou Renan. “Mas política é assim mesmo”. Dilma engoliu a seco Novais e Garibaldi sob a desculpa de que governará com quem a ajudou a se eleger.

Por Ricardo Noblat

Uma resposta

  1. IMAGINA SE GARIBALDI CAUSA MEDO A NINGUÉM…TUDO BEM QUE ELE NÃO É DE CONFIANÇA NEM PARA O PMDB, MAS NÃO É O TIPO DE POLÍTICO QUE OFERECE MEDO, É O TIPO CONSILIADOR, PACIFICADOR, DAQUELES QUE COM UMA BOA CONVERSA AO PÉ DO OUVIDO TUDO SE RESOLVE. DEPOIS FALEM O QUE QUISER, QUE FOI PRESENTE D GREGO, QUE TROCOU O CEU PELO INFERNO, MAS QUEM NÃO QUERIA UM MINISTÉRIO DO GOVERNO. UMA CHANCE DE ELEVAR O NOME POLÍTICO EM ESFERA NACIONAL E ESCREVÊ-LO, QUEM SABE NA HISTÓRIA DO BRASIL. ESSE É UM SONHO DE AGRIPINO COM O PSDB QUE FOI ADIADO. AFINAL ELE FOI TÃO ATUANTE NA OPOSIÇÃO À LULA E O SERÁ, PROVAVELMENTE COM DILMA, QUE MERECERÁ UM DESTAQUE NO GOVERNO DO PSDB UM DIA, SE ESSE CENÁRIO FOR CONFIRMADO.

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