Experimento sugere que desempenho da CoronaVac cai contra variante brasileira P1

Um experimento de laboratório conduzido na China sugere que a vacina CoronaVac tem desempenho menor contra a variante do coronavírus brasileira, a P1, assim como contra a sul-africana e a nova-iorquina. Contra as cepas britânica, da Califórnia, e a D614G (mutação que surgiu nos primeiros meses da pandemia), o imunizante teve desempenho semelhante ao observado contra a versão original do coronavírus. A cepa indiana não foi incluída no estudo. Os resultados foram publicados na revista científica Lancet, na quinta-feira.

Para avaliar a potencial resistência de novas variantes à neutralização induzida pelo imunizante, produzido no Brasil pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac, pesquisadores avaliaram o soro do sangue de 93 profissionais de saúde saudáveis do Hospital Nanjing Drum Tower, em Nanjing, na China, antes e depois de receberem duas doses da vacina.

Eles testaram a resposta imune das amostras contra um vírus artificial, montado em laboratório, no qual adicionaram a proteína “spike” — responsável por forçar a entrada do vírus nas células humanas — de diferentes variantes do coronavírus.

Ao analisar o soro do sangue antes da vacinação, todos mostraram níveis indetectáveis de neutralização contra as sete variantes do Sars-CoV-2 testadas, como esperado.

Após a vacinação, 82% das amostras foram capazes de neutralizar o vírus da cepa “referência” do coronavírus, encontrada em Wuhan. Em comparação a ela, as amostras foram igualmente capazes de neutralizar as variantes D614G, B.1.1.7 (britânica) e B.1.429 (Califórnia).

No entanto, as variantes que possuem uma mutação no gene E484k apresentaram menor propensão a serem neutralizadas pelos anticorpos estimulados pela CoronaVac. Entre elas está a P1 (que emergiu em Manaus), assim como a B.1.526 (que emergiu em Nova York) e a B.1.351 (que emergiu na África do Sul). Contra essas variantes, a atividade neutralizante dos anticorpos caiu a cerca de um quarto daquela observada contra a cepa original do coronavírus.

O estudo é um experimento de laboratório em condições artificiais, portanto não reflete necessariamente as condições reais de uso do imunizante. Por isso, os pesquisadores recomendam trabalhos de vigilância epidemiológica:

“Nossos resultados ressaltam a necessidade de vigilância viral aprimorada e avaliação da eficácia da vacina atualmente autorizada contra variantes emergentes, especialmente na presença de E484K”, afirmam os autores.

Em abril, em uma análise interina realizada em Manaus, onde a variante brasileira P1 era predominante, a CoronaVac se mostrou 50% efetiva em prevenir adoecimento pela Covid-19 14 dias após a primeira dose. A pesquisa foi realizada pelo grupo Vebra Covid-19 e teve participação de mais de 67 mil profissionais de saúde.

O Globo

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