CPMI do Cachoeira aprova relatório paralelo e termina sem responsabilizar suspeitos

Depois de oito meses de trabalho, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Cachoeira acabou nesta terça-feira, ao aprovar como documento final o texto do deputado Luiz Pitiman, do PMDB do Distrito Federal. O parecer substituiu as conclusões do relator, deputado Odair Cunha, do PT mineiro, que foram rejeitadas por 18 votos a 16.

Em uma última tentativa de conseguir maioria, Odair chegou a retirar o pedido de indiciamento de 4 pessoas, mas deixou em seu relatório o pedido de indiciamento de 37 pessoas acusadas de envolvimento com a organização criminosa de Carlinhos Cachoeira, entre elas, o ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, e o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB. O parecer, com cerca de 5 mil páginas, foi derrotado mesmo assim, com voto contrário inclusive de parlamentares aliados ao partido de Odair Cunha. O relator disse que o governo não negociou para apoiar o texto dele. Para ele, a derrota foi causada por uma blindagem de quem defende os interesses de alguns dos acusados:

“Queriam que eu retirasse questões elementares do nosso relatório, que é o núcleo da organização criminosa e sua ramificação política. O primeiro da lista: Marconi Perillo. Sua ramificação empresarial: Fernando Cavendish. Como não aceitei fazer essas modificações, fomos derrotados. Apesar de nosso esforço, uma pizza geral. Infelizmente, o relatório aprovado é um nada: não leva nada a lugar nenhum”.

“Pela primeira vez, a CPMI encaminha todos os votos em separado, todas as querbras de sigilo, todas as dúvidas para a Polícia Federal, que nunca foi encaminhado, para o Ministério Público Federal que poderão, aí sim, fazer a demonstração para todos os brasileiros que estão hoje ansiosos por entender que ali temos muito mais culpados do que alguns relatórios aqui estavam apresentando”.

Entre o material que deve ser encaminhado aos órgãos de investigação permanentes estão os seis relatórios apresentados e todas as informações recolhidas desde abril. Foram mais de 40 depoimentos, sendo que mais da metade dos depoentes ficou em silêncio. Cerca de 90 pessoas e empresas tiveram seus sigilos bancários, fiscais, telefônicos e de mensagens de celular quebrados, só isso produziu mais de 130 mil páginas de documentação sigilosa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts Recentes

abril 2024
D S T Q Q S S
 123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
282930  
Categorias