Pesquisa da UFRN busca identificar processos inflamatórios associados ao envelhecimento

O processo de envelhecimento e sua consequência natural, a velhice, constituem uma das maiores preocupações da sociedade moderna, sobretudo devido ao rápido crescimento da parcela idosa da população com relação aos demais grupos etários. Diante desse cenário, pesquisadores da UFRN fizeram um estudo com 178 idosos que residiam, exclusivamente, em instituições de longa permanência em idosos (ILPI) na cidade de Natal-RN. O objetivo do estudo é identificar Inflammaging (processos inflamatórios associados ao envelhecimento), dentre esses, os aumentos de marcadores biológicos como colesterol do tipo HDL E LDL, por exemplo, e, contribuir na literatura com uma identificação mais clara desses aspectos, validação de valores de referência e biomarcadores.

A pesquisa concluiu que IL-6, TNFα e zinco mostraram ser marcadores responsivos para caracterizar o envelhecimento por inflamação em idosos institucionalizados. Indivíduos com alto estado inflamatório apresentam maiores concentrações ou perfis lipídicos alterados de HDL, LDL e triglicerídeos em relação aos indivíduos com poucas características inflamatórias, demonstrando a associação do perfil lipídico com elevada inflamação corporal. Em relação aos aspectos sociodemográficos, observou-se que os idosos mais longevos apresentaram maior influência do envelhecimento inflamatório.

Intitulado Factors associated with inflamm-aging in institutionalized older people, o artigo foi publicado recentemente no periódico Scientific Reports e contou com a participação de diversos pesquisadores, entre eles o ex- aluno de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC/UFRN) e atual professor do Departamento de Dança (UFRN), Leônidas Neto, orientado pelo professor Kenio Lima, do Departamento de Saúde Coletiva (UFRN), e a professora do Departamento de Fisiologia e Comportamento (DFS/CB/UFRN) e coordenadora do Laboratório de Medidas Hormonais (LMH), Nicole Leite. Também assina o estudo o aluno de doutorado do Programa de Psicobiologia, Vagner Deuel.

Participaram da pesquisa nove instituições, cinco destas sem fins lucrativos. Do total de 304 idosos residentes nas instituições, 24 se​​recusaram ou não tiveram participação autorizada por seus responsáveis, enquanto outros 71 foram excluídos por atenderem a algum dos critérios de exclusão. Dentre os critérios estavam idosos que não residiam nas ILPIs, aqueles que apresentavam dificuldade de acesso venoso, estes pelo motivo de ser difícil a coleta de sangue para catéter de estado inflamatório e variáveis biomarcadores (parâmetros de referência). A amostra final, incluindo os eliminados, foi de 178 idosos.

De acordo com Nicole, que atua também como docente da Western Sydney University, na Austrália, o tema escolhido ainda levanta muitas dúvidas. Segundo ela, percebe-se na literatura, em sua maior parte, conteúdo teórico, sem muita pesquisa clínica, principalmente para os idosos institucionalizados. “Uma das lacunas na literatura que chamou bastante atenção foi o fato acerca dos valores normativos/referência para encontrar o processo da Inflammaging e a validação de biomarcadores que permaneciam em aberto” comentou.

A inflamação é uma resposta do sistema imunológico a um agente invasor, como um vírus, uma bactéria ou até mesmo uma farpa no dedo, ou seja, uma resposta natural para a proteção do organismo. Existem diversos fatores relacionados ao envelhecimento do corpo que podem provocar inflamações nos idosos, como genética; obesidade; aumento da permeabilidade intestinal, que causa a má absorção de nutrientes e pode provocar desnutrição; infecções crônicas. Entre os idosos, as inflamações são um fator de risco para doenças renais, diabetes, câncer, depressão, demência e sarcopenia (perda acentuada de massa muscular).

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