A fauna política no Brasil está ficando realmente muito interessante.
Não é raro encontrar arrependidos do impeachment: “Todo mundo é ladrão, e pegaram só no pé da Dilma”.
Não é raro encontrar a turma do pega-pra-capar: “Os militares têm de voltar”.
Não é raro encontrar os que querem fechar o Congresso: “São todos uns ladrões!”.
Não é raro encontrar um eleitor de Bolsonaro: “Pelo menos ele fala a verdade!”.
Não é raro encontrar defensores de greve de policiais: “Eles são vítimas de políticos ladrões”.
O que toda essa gente tem hoje em comum? Ora são pessoas convencidas de que existe mesmo um complô contra a Lava Jato. E de que o Brasil só sai dessa com uma grande limpeza, uma grande depuração, um grande expurgo.
A economia, saibam, dado o caos herdado, até que vai bem. E ensaia uma recuperação.
Então onde está todo esse “malaise”, esse “mal-estar”, essa impressão de que o país está à beira do abismo? Ora, isso é pura crispação política criada pelos fanáticos, agora associados a esquerdistas.
Não por acaso, Ciro Gomes concede uma entrevista ao Estadão e elege como alvos Michel Temer e o Congresso Nacional.
Ele quer esse espírito.
Ele quer ser o demiurgo a responder a tanta sede de justiça.
Bem, meu arquivo está à disposição. Há dois anos, antevi justamente esse cenário de ódio à política, onde prosperam os fascistoides de direita e de esquerda.
Não estou feliz com a minha antevisão certificada pelos fatos.
Aliás, não estou certo de que seja mesmo de Mark Twain (imagem) a frase, mas fica com ele por enquanto: “Não me assustam as coisas que não sei. Só me assustam as que sei”.
Reinaldo Azevedo