Novo cenário do RN Sustentável para Rosalba

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O isolamento a que parece condenado o Governo Rosalba Ciarlini, materializado no afastamento das siglas partidárias que formavam o arco de alianças que lhe emprestavam respaldo parlamentar e político, não se desenvolve numa mesma proporção e intensidade quando sai da cúpula partidária e chega à ponta, em nível da luta municipal.

Como a atividade política é cada vez mais “pragmática”, o movimento da cúpula é determinado, sobretudo, pela arrumação da eleição do próximo ano, começando pela viabilidade das coligações que vão permitir a reeleição dos seus próprios integrantes. Prevalece o argumento da arrumação do palanque, influenciado tanto pela eleição de Presidente da República, quanto de Governador do Estado. A própria dei nição do quadro majoritário é que vai estabelecer tendências e repartir os espaços para garantir um bom desempenho da chapa proporcional, levando-se em conta uma característica própria do nosso Rio Grande do Norte: pela multiplicação de siglas partidárias, são poucos os partidos (inclusive os chamados grandes) que podem concorrer sem coligar, havendo o risco de não atingir o quociente eleitoral somente com os votos dos seus i liados.

Na ótica dos parlamentares e das direções partidárias, a governadora Rosalba Ciarlini não tem conseguido oferecer compensações para o desgaste que vem acumulando. Esse raciocínio pode ter justificado a debandada de muitas das legendas partidárias.

Mas, a política não se faz somente na perspectiva – e nos interesses – de quem está jogando o seu destino na eleição do próximo ano. A política também é feita do ponto de vista municipal. Os interesses dos prefeitos, vereadores e lideranças municipais, necessariamente, não são os mesmos de quem atual nos planos estadual e federal. Quem tem o contato mais próximo do eleitor necessita de instrumentos para exercer esse papel, sobretudo no atendimento das demandas que se renovam praticamente todos os dias.

Não é novidade para ninguém o tamanho da crise que atinge a grande maioria dos prefeitos, muitos deles sem recursos sui cientes para garantir o pagamento do funcionalismo. Os investimentos e realizações dependem de recursos externos, principalmente do governo federal. A situação do Governo do Estado não permitiu, nesses quase três anos, uma presença significativa de recursos estaduais para fortalecer a ação dos prefeitos.

Mas está existindo um fato novo, conhecido pela marca “RN Sustentável”, que pode mudar esse cenário. Trata-se do rótulo de um financiamento de R$ 800 milhões já contratados pelo Banco Mundial e destinados a investimentos em praticamente todas as áreas da administração pública. Mesmo sendo “dinheiro carimbado”, existe espaço para que o Governo possa começar a atender as inúmeras demandas municipais. É nesse ponto que o interesse municipal pode colidir com os argumentos estaduais e federais. Será justo que um prefeito que está há quase três anos enfrentando uma seca de verbas estaduais, abra mão de um dinheiro que está à mão para seguir a orientação de sua liderança partidária?

Não se espere que nenhum prefeito, ou liderança municipal, venha discordar frontalmente da orientação do seu partido, ou que se afaste de um governo que pode lhe suprir com alguma verba estadual, estabelecendo um clima de indefinição que sempre se repete em ano de eleição, onde se exige muito jogo de cintura para não se contaminar com o clima de estica e puxa determinada pelas lideranças maiores.

Por Cassiano Arruda, no Novo Jornal

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