Ministro Garibaldi lamenta morte de Dom Eugênio e lembra do seu esforço pela Rádio Rural

O Rio Grande do Norte, o Brasil e a Igreja Católica lamentam a morte do insigne norte-rio-grandense, Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales.

Associo-me aos católicos, aos brasileiros e aos meus conterrâneos do Rio Grande do Norte, e sentindo profundamente a perda de tão abnegado cristão e devotado patriota, testemunho a grandeza de seu espírito generoso e sempre atento aos reclamos da causa pública.

Quando fui Governador do Rio Grande do Norte, num esforço para alavancar com vigor o desenvolvimento do Estado, contei com a colaboração e a prestigiosa ação de Dom Eugênio junto às mais altas instâncias da República, com gestos de desprendimento pessoal e dedicação ao interesse público.

Seu importante e internacionalmente reconhecido trabalho social e apostólico começou em Natal, dele surgindo iniciativas desbravadoras, e que mais chamam a atenção por se terem concretizado bem antes do Concílio do Vaticano II, janela de novos ares e horizontes para a Igreja. Nesse sentido, não será excesso de conceito proclamar, já com o isento testemunho da História, que de Natal partiram ideias e práticas, doutrinas e métodos, hoje institucionalizados mundo afora.

São seus, e de seu grupo pioneiro, os esforços de educação e politização do meio rural: a Rádio Rural e suas Escolas Radiofônicas foram inauguradas em agosto de 1958. O trabalho de sindicalização dos trabalhadores rurais começou em 1960, apesar de fortes reações.

Na mesma linha, e ainda nos anos cinquenta, a indústria da seca foi denunciada corajosamente pelo então Bispo Auxiliar de Natal: à Presidência da República fez chegar provas dos abusos contra os nordestinos vitimados pela Natureza e pela ambição e o saque dos recursos públicos.

Foi com tais atitudes de verdade e coerência, que se forjou uma vida toda voltada para o Bem. A cada dia têm surgido novos e surpreendentes depoimentos, revelando fatos antes desconhecidos, e protagonizados por Dom Eugênio. Ilustrativo o relato do historiador norte-americano Keneth Serbin, em seu “Diálogos na Sombra”: Dom Eugênio acolheu, desafiando a intolerância da ditadura, milhares de refugiados, perseguidos no Brasil e em outros países da América Latina, garantindo-lhes a liberdade e mesmo salvando-lhes a vida.

Transmito a minha solidariedade aos familiares de Dom Eugênio, em particular a Dom Heitor de Araujo Sales, seu irmão, também exemplo de cristão e humanista.

Ao homenagear Dom Eugênio Sales no instante em que nascem as saudades, presto homenagem à sua honrada memória, com o preito de gratidão de todos os norte-rio-grandenses.

Brasília, 10 de julho de 2012.

Senador GARIBALDI ALVES FILHO

Ministro de Estado da Previdência Social

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