Políticos costumam ser sujeitos frios e calculistas, mestres na arte da indignação fabricada, das raivas oportunas, da emoção regada a lágrimas de crocodilo. Assim como ninguém acreditou muito no sentimento de abandono e na mágoa demonstrada por Michel Temer em carta dirigida a Dilma Rousseff poucos meses antes do impeachment que a fulminou, é bom não comprar pelo valor de face o aborrecimento que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, faz questão de expressar com o Planalto de Temer.
Quem com mágoas fere, com mágoas será ferido, pode ser o ditado da vez. Aparentemente, Maia – não por acaso sucessor legal de Temer – está fazendo o mesmo jogo que o presidente fez com sua antecessora quando resolveu desertar e trabalhar para derrubá-la. Nessas horas, para não ser acusado de traição, um político precisa mostrar que tem motivos para se afastar e justificar a ruptura.