Deu no Josias de Souza
José Luis de Oliveira ‘Juca’ Lima, advogado de José Dirceu, leva uma vantagem sobre os outros defensores dos réus do mensalão. Será o primeiro a ocupar a tribuna do STF nesta segunda-feira (6).
Juca vai expor a versão do seu cliente numa fase em que as acusações do Ministério Público, lidas pelo procurador-geral Roberto Gurgel na sexta-feira (3), ainda estão frescas na memória dos ministros do Supremo.
Dirá o oposto do que foi declarado por Gurgel. Não há nos autos, segundo o advogado, um único depoimento capaz de incriminar o ex-chefe da Casa Civil de Lula ou de vinculá-lo a Marcos Valério.
Em privado, um dos julgadores do caso disse esperar que o defensor de Dirceu dedique um naco do seu tempo de uma hora para explicar uma passagem do processo em que é mencionado o nome de Maria Ângela Saragossa.
Trata-se da ex-mulher de Dirceu. Em depoimento à PF, o ex-ministro negou categoricamente que tivesse mantido relação política, empresarial ou pessoal com o provedor das arcas clandestinas do PT. Porém…
Afora os depoimentos mencionados por Gurgel na exposição de sexta, o processo empilha evidências de que Marcos Valério concedeu favores à ex-mulher de Dirceu. Maria Saragossa desejava trocar de apartamento. Faltava-lhe dinheiro para a aquisição de um imóvel melhor. Foi socorrida pelo operador do mensalão.
Segundo a Procuradoria, Valério pediu a um de seus sócios, Rogério Tolentino, também réu no processo, que comprasse o apartamento da ex-mulher de Dirceu. Depois, providenciou para que o Banco Rural e o BMG, as duas casas bancárias envolvidas no escândalo, lhe estendessem a mão.
Do Rural, Maria Saragossa obteve um empréstimo que complementou a cifra de que precisava para a aquisição do imóvel mais amplo. No BMG, conseguiu um emprego, na função de psicóloga. Ao mencionar esse pedaço da narrativa acusatória numa conversa deste sábado (4), o magistrado do Supremo disse esperar que o doutor Juca seja detalhista em sua defesa.