Ao analisar atividades celulares que ocorrem no cérebro de esquizofrênicos e de pessoas saudáveis, pesquisadores começaram a perceber que há indícios do distúrbio não só nos neurônios, mas também nas células da glia — tidas, até bem pouco tempo atrás, como peças secundárias nas funções do sistema nervoso. Dois trabalhos recentes destacam-se nessa linha de estudo: um coordenado pelo bioquímico Daniel Martins-de-Souza, da Universidade de Campinas (Unicamp); e outro de um grupo britânico liderado por Peter Bloomfield, do Imperial College de Londres.
A esquizofrenia, um distúrbio caracterizado por crises de alucinação e de comportamentos anormais, é considerada uma doença de desconectividade cerebral. Embora ainda não se saiba a causa exata dessa falha na comunicação dos neurônios e como ela altera a distinção entre experiências reais e imaginárias, a equipe de Martins-de-Souza deu um passo à frente ao focar nos oligodendrócitos, células da glia que fabricam mielina (camada que ajuda na condução dos impulsos nervosos) e fornecem energia aos neurônios.