A corrupção se alastrou capilarmente, sem distinguir limites públicos ou privados. Não é de hoje que ouço histórias sobre clínicas e hospitais particulares inescrupulosos que retêm pacientes nos centros de tratamento intensivo (CTI) além do necessário.
Trata-se de um “sequestro” que permite o uso de um paciente para obtenção de um “resgate” vultoso, via seu plano ou seguro de saúde. Mesmo expondo o enfermo à depressão e ao perigo de infecção hospitalar.
O objetivo compensa: cobrança máxima na hora de fechar a conta. Ou seja, nesses casos uma internação prolongada em CTI serve apenas para “faturar” o leito disponível até aparecer uma próxima vítima para ocupar a vaga.
Resta ao familiar que percebe o procedimento indignar-se silenciosamente, sem ter como provar o “malfeito”. Ou lamentar num ombro amigo a maneira pela qual um ente querido gravemente doente (ou não) foi tratado: como uma valiosa mercadoria. Indecente, imoral, desumano? Tudo isso mais a questão do ato em si: criminoso.
Há também narrativas nas quais, o que acontece, é o oposto: pessoas internadas não são cuidadas intensivamente por falta de cobertura do plano ou seguro.
Conclusão. Alguém que adoeça sem condições de acesso a médicos e hospitais de primeira linha (leia-se competentes e honestos) corre o risco de se tornar vítima de algum esquema pernicioso. No qual será tratado como moeda. Ou apenas número, mina, peça de jogo… Qualquer coisa, menos como uma pessoa em sofrimento.
Neste último domingo, o Globo mostrou com a reportagem “Clínicas pagam propina para receber pacientes”, de Fabíola Berbase, que a sensação corrente não é paranóia. Na realidade, não dá para facilitar. Principalmente, no caso de se precisar recorrer ao serviço de UTIs móveis credenciado em algum plano de saúde.
Por Ateneia Feijó – Jornalista
Uma resposta
Amigo Robson, é por isso q nunca deixo de acessar o seu site. me senti pessoalmente comovido e solidário com todas essas pessoas q passam por situações iguais. parabéns a você por veicular esses tipos de matérias em seu site.