17/06/2017
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Um dos empresários que capitanearam o movimento em defesa do impeachment de Dilma Rousseff, no ano passado, o presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, afirma que a delação da JBS, que jogou o governo Michel Temer em uma crise política e colocou em risco a aprovação das reformas previdenciária e trabalhista, é uma prova de que o crime, nesse caso, compensou.
Segundo Rocha, o fato de os irmãos Batista terem saído livres ao denunciar figuras como o Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi uma vitória da ala da sociedade que ele classifica de antirreformista – grupo em que inclui empresários alçados à categoria de ‘campeões nacionais’ no governo Lula.
Leia os principais trechos da entrevista, concedida à Agência Estado:
O sr. acha que as reformas ainda têm chance de sair?
Sim, as reformas têm chance de sair. Dados extremamente positivos estão sendo divulgados. Depois de 24 meses, tivemos o primeiro número realmente positivo do varejo nessa semana (o varejo teve o melhor resultado para abril em 9 anos). Acho que a crise política está se descolando da economia.
Pelo menos as reformas trabalhista e previdenciária saem?
Talvez a reforma previdenciária saia já muito combalida, muito fragilizada. Será preciso se retomar esse assunto em 2018 e 2019. Já a reforma trabalhista traz um grande avanço, principalmente para varejo e serviços, que tinham mais dificuldade com uma legislação de DNA exclusivamente industrial e de 70 anos atrás.
Mas não houve um retrocesso? A aprovação não está menos garantida?
Realmente foi um retrocesso, porque hoje temos três grupos bastante atuantes: os reformistas, que querem a solução estrutural definitiva; os jacobinos, que não querem resolver o problema, querem só vingança e acham que a corrupção se vence na questão policial; e os antirreformistas. Essa cumplicidade surpreendente do (Rodrigo) Janot com o (empresário) Joesley Batista representa a união de dois grupos que não estavam unidos até então. São os antirreformistas com os jacobinos. Isso isola os reformistas, é muito preocupante.
O sr. falava nos campeões nacionais como “empresários de conluio” com o governo…
Os empresários de conluio estão mostrando sua força, eles são os antirreformistas. Esse episódio (a delação da JBS) é uma vitória dos empresários de conluio. É uma situação muito perigosa porque passa a ideia de que a luta contra a corrupção avançou, quando na verdade ela recuou. Isso atrapalha na medida em que interrompe as reformas. E, queira-se ou não, o presidente Temer estava reunindo as últimas energias dele para lancetar o tumor. Ele fica fragilizado. (mais…)