Depois de um início titubeante, Michel Temer começa a engrenar e enxerga pela frente uma fase mais próspera. O que pode atrapalhar é a Lava Jato. Não por outro motivo seus aliados defendem a quebra de sigilo das investigações.
Não se trata de um surto repentino pela transparência. É a aposta de que, depois da delação da Odebrecht, 99,9% do mundo político estará no mesmo barco. Tudo sendo divulgado ao mesmo tempo, o efeito explosivo seria diluído e ninguém tiraria proveito da desgraça alheia.
Os defensores da tese alegam que seria uma forma de acabar com o uso seletivo de vazamentos desta e daquela informação dada por um delator para atingir o governo de plantão.
Tem lá seu sentido, mas pode prejudicar as investigações em curso, dando tempo para os suspeitos se articularem e queimarem provas.
A tendência do Supremo Tribunal Federal é manter o sigilo, mas a turma que defende sua quebra espera pelo menos um efeito secundário da pressão —que a delação da Odebrecht seja divulgada em breve e toda de uma só vez, exatamente para que seu impacto negativo seja distribuído de forma equânime para todos.