22/12/2015
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Quem já sofreu com uma ressaca pesada certamente sonhou com um lugar assim: um ambulatório de tratamento que promete acabar com o mal-estar em 30 minutos. Na Austrália, o tal sonho é real. O Hangover Clinic, inaugurado em Sydney no começo deste mês, promete acabar com os sintomais da ressaca, desde que o paciente esteja disposto a desembolsar um bom dinheiro. A terapia mais em conta sai por 140 dólares, ou o equivalente a R$ 400, aproximadamente.
O tratamento mais acessível – de 30 minutos -, batizado de “Jump Start”, é, segundo a clínica, para aqueles que não deveriam ter encarado o último drinque: um litro de soro fisiológico direto na veia, vitaminas B e C e medicação à escolha do cliente – para aliviar as dores de cabeça ou os enjoos. Já o procedimento completo, a “Ressurreição”, é “para a mais grave das situações”. Um pacote “épico” de uma hora ao custo de 200 dólares – nada menos que R$ 571 – com direito a oxigênio e solução antioxidante para encarar as consequências das noites também “épicas”.
No país, o centro de tratamento abriu as portas ao público desaprovado por alguns especialistas, que sugerem que os serviços podem incentivar os australianos a beberem além da conta. A opinião é compartilhada pela psiquiatra do Serviço de Estudos e Atenção a Usuários de Álcool e Outras Drogas (Sead) do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB) Maria Célia Brangioni, para quem as promessas milagrosas, além de arriscadas, não têm bases científicas. “Um serviço assim é um reforço para o uso indiscriminado do álcool. É uma “solução” mercadológica: ‘Você pode beber e eu te dou garantia de que a recuperação vai ser rápida’.”
A médica adverte ainda sobre o risco da hidratação intravenosa – proposta em todos os pacotes da clínica – e critica a falta de orientação especializada para a oferta dos serviços. “A ressaca é uma manifestação do organismo de que algo não está bem. É um alerta sobre um processo de intoxicação. Uma vez que se ameniza esses sinais, o alerta está sendo ignorado”, defende. Maria Célia explica também que não há medicamentos capazes de acelerar a saída de álcool do corpo, uma vez que, para ser eliminada do organismo, a solução precisa ser metabolizada no fígado.