10/02/2014
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A falta de chuvas e o consequente racionamento d’água, nos últimos dias, têm suscitado debates acalorados sobre a realização do carnaval deste ano em Caicó. Segundo os críticos, o evento levaria ou contribuiria significativamente para o colapso do abastecimento na maior cidade do Seridó.
A preocupação com a estiagem faz sentido e é compreensivo o temor da população. Entretanto, a desinformação generalizada e a má fé por parte de algumas pessoas têm provocado a falsa ideia de que o resto de água do Itans será consumido nos dias da folia. Pior mesmo é a opinião de muitos, que não querem o carnaval simplesmente por achar que estamos numa época de “luto”, pois não seria legal brincar num período de seca.
Não sou um folião de primeira hora e nem sei ainda se passarei o carnaval 2014 em minha terra. Mas sou totalmente favorável à realização do mesmo, por achar que os ganhos para a cidade e à população são infinitamente maiores do que um consumo extra de água do nosso querido Itans. Não sou especialista na área, mas uso o raciocínio e a lógica para desmistificar a gritaria dos que são contra o carnaval.
A própria Caern de Caicó já afirmou à imprensa que o evento não mudará praticamente em nada a rotina do abastecimento. A vazão da água ofertada diariamente será a mesma. O sistema já trabalha com sua capacidade máxima e o racionamento será mantido. Decerto que a presença de não residentes na cidade aumentará o consumo, mas não seria a catástrofe na imaginação das pessoas, algo parecido a uma pia secando quando aberto o ralo.
Os ganhos com a realização do evento são inquestionáveis. Ainda, na imaginação das pessoas, só quem lucraria com o carnaval seriam os clubes, promotores de festa, distribuidoras de bebidas e o setor hoteleiro. Quem entende o mínimo de economia sabe dos efeitos positivos do dinheiro de fora circulando num município do porte de Caicó. Ao faturar com o turista, empresários, clubes, distribuidoras e hotéis precisam investir em infraestrutura e contratação de pessoal. Ao fazer isso, estão desencadeando uma distribuição do dinheiro que entra.
Afora os setores acima citados, como não lembrar dos bares, restaurantes, taxistas e mototaxistas, recicladores, confeiteiros, cabeleireiros, camelôs e etc? Os veículos de fora serão abastecidos em Caicó. As compras de supermercados também. E tantos outros exemplos aqui poderiam ser citados. Após o carnaval, os turistas e caicoenses ausentes vão embora. Mais o dinheiro que aqui gastaram, fica.
Acredito que a Prefeitura de Caicó é ciente de tudo isso e deseja a realização do carnaval. Todavia, parte da culpa por tamanha desinformação vem dela mesma. A partir do momento que silencia e, importante, não mostra dados e opiniões de especialistas, a confusão continua instalada. É preciso debater o assunto com fatos, não com especulações.
Por Josenildo Carlos – jornalista