28/10/2012
Nenhum comentário
Neste domingo, elegeremos o prefeito de Natal. A capital do Rio Grande do Norte, com a eleição de Micarla de Sousa, sofreu com uma gestão medíocre, incompetente. A “Borboleta” também foi vítima. Vítima de alguns assessores que pensaram somente neles, que deixaram a cidade em segundo plano. E a prefeita em terceiro. O comando da situação – se é que existiu comando algum dia – era da filha do ex-senador Carlos Alberto de Souza, mas ela terminou “engolida” pela ânsia de poder de uns e outros, de abutres egocêntricos que se deliciaram com os benefícios mantidos com o dinheiro público. Faltou à Micarla dizer um basta e ter a coragem de meter o pé na bunda dos vagabundos que a transformaram na pior prefeita que Natal já teve. Ele teve seus motivos, que podem até desfazer a impressão de que foi vítima. O tempo dirá.
Mãe de família, comunicativa, bonita, empresária do ramo da comunicação, vitoriosa no primeiro turno contra a deputada federal Fátima Bezerra – que trouxe até o presidente Lula para seu palanque –, Micarla perdeu uma grande chance. O cavalo selado passou, ela montou, mas não dominou o bicho. Não faltaram desculpas, lágrimas, encenações, mas as sequências de falhas foram tirando a paciência dos eleitores, minando a administração e transformando o município num caos. Não votei em Micarla, mas torci para que ela acertasse, pelo bem da cidade onde nasci, onde fui criado, um pedaço de terra tão bonito. Não deu. Foi uma decepção.
Os apoiadores da prefeita praticamente a abandonaram. Restaram poucos. Não sei se por solidariedade ou se para raspar o que ainda ficou na “panela”.
O capítulo da “Borboleta” está chegando ao final. Que sirva de exemplo para nós, eleitores, e para o próximo chefe do executivo municipal.
A próxima gestão não será fácil. Vai pegar, de cara, uma cidade destroçada, cheia de lixo, esburacada, com obras paralisadas, serviços públicos decadentes. Natal precisa muito mais que programas elaborados em confortáveis gabinetes.
De promessas, até os santos estão de sacos cheios. Chega! A partir de primeiro de janeiro de 2013, tomara que o prefeito que assumir tenha dignidade, vergonha na cara e muita vontade de trabalhar pela coletividade.
Muitos mais que ficar olhando pelo retrovisor, dizendo que não está fazendo isso ou aquilo porque deu de frente com o desastre micarliano, o prefeito tem a obrigação de resgatar Natal, fazer com que seu povo seja tratado com dignidade, com respeito.
Prefeitura não é lugar de preguiçoso, de ocioso, de gente que serve somente como papagaio de pirata ou esconde do prefeito a realidade, para não deixar o chefe “estressado”. Transparência, competência, inteligência. Como essas três palavras estão fazendo falta no Palácio Felipe Camarão, que tem vivido somente momentos de demência, indecência por parte de quem deveria ter feito pela coletividade, mas preferiu mandar, literalmente, o povo se lascar.
O dia 28 de outubro de 2012 precisa ser um divisor de águas em nossa história, marcando, até o fim de dezembro, uma época de esperança e a partir de janeiro, dias melhores para todos, principalmente para os mais necessitados, os que precisam que os serviços públicos funcionem de verdade e não sirvam apenas como peças publicitárias.
Ao nosso próximo prefeito, desejo sorte e espero que não seja uma nova degraça. Prefeito, seja o senhor quem for, execute suas promessas, lute para diminuir o sofrimento de milhares de natalenses que vivem em condições subumanas. Saia do gabinete. Volte às ruas. Volte aos casebres, às comunidades onde humanos e urubus compartilham agonias. Demonstre ter coração. O povo está cansado de ser esquecido depois do pleito. Está revoltado com tanta roubalheira, com tanto sorriso falso, com tanta hipocrisia.
Por João Ricardo Correia que é Jornalista e colunista do Jornal de Hoje.