29/03/2011
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Deu no Estadão
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, fez ontem uma constatação alarmante: três anos antes do Mundial de 2010, as obras e o planejamento da África do Sul estavam em um estágio mais avançado do que os preparativos do Brasil, no mesmo período que antecede a Copa de 2014.
Nesta segunda-feira, o dirigente mostrou que perdeu de vez a paciência com os políticos brasileiros e também dirigiu críticas ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, que teria a responsabilidade pelo planejamento.
Blatter ainda alerta que, da forma como caminham as obras, nem São Paulo nem Rio terão seus estádios prontos para a Copa das Confederações, em 2013. O presidente da Fifa também afirmou que, diante dos atrasos, não pode nem sequer confirmar que a abertura do Mundial será em São Paulo. “A Copa é amanhã, mas os brasileiros acham que a Copa é depois de amanhã”, acusou.
Além de conversar com o Estado de forma detalhada sobre o Brasil, Blatter usou o encontro com alguns jornalistas internacionais, em Genebra, para lançar o alerta.
Há muitas indefinições sobre a realização da Copa de 2014 no Brasil. Quando é que a Fifa vai tomar medidas?
Você acha mesmo que as indefinições vão terminar?
Qual é o problema?
Falta uma pressão maior por parte da CBF para garantir que as obras sejam feitas. O futebol precisa pressionar mais para garantir esses resultados por parte das autoridades. É também uma guerra política entre governadores e prefeitos.
Mas de quem é a responsabilidade de garantir a realização da Copa e que as obras estejam prontas?
Esse é um assunto para a direção do futebol brasileiro.
O senhor não vai intervir?
Ainda não. O momento crucial é julho, quando teremos o sorteio das Eliminatórias. Até lá, todas as dúvidas terão de estar superadas. Se não houver nada ocorrendo até julho, esse será o momento de pressão e intervenção de minha parte.
Como é que a organização da Copa atingiu ponto tão crítico?
Não sei. A Copa é amanhã, mas os brasileiros pensam que é só depois de amanhã. Não há dúvida de que vamos ao Brasil em 2014. O País tem cinco títulos mundiais. Mas em termos de preparação do evento ainda estamos esperando resultados. A preparação não avança nada rápido. Se formos comparar a África do Sul com o Brasil, três anos antes da Copa, há claramente um atraso do Brasil em relação ao estágio onde estavam os sul-africanos. Evitamos dizer isso, mas esse é o fato.
Qual é o grau dos atrasos?
No ritmo que vamos, não haverá jogos da Copa das Confederações nem no Rio e nem em São Paulo. Há ainda um debate entre políticos sobre onde deve ficar cada estádio e isso precisa ser superado.
E pode haver uma Copa das Confederações sem São Paulo e Rio?
Não seria nada bom, mas é possível. A Copa das Confederações é um ensaio geral para a Copa do Mundo, então por que não em outras cidades?
Mas pelo menos a abertura da Copa do Mundo de 2014 em São Paulo está garantida?
Quem é que vai saber? Eu não posso dizer isso ainda.
Mas o senhor não tem voz na decisão de onde será a abertura?
Eu tenho sim um voto. Mas, por enquanto, há a administração da Fifa trabalhando com a CBF e contatos estão ocorrendo entre o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, e Ricardo Teixeira.